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A Interpretação dos Sonhos: A Via Régia para o Inconsciente segundo Freud, Jung e Outros Teóricos

  • Foto do escritor: Ana Elisa Gonçalves Bortolin
    Ana Elisa Gonçalves Bortolin
  • 3 de mar.
  • 2 min de leitura

Sigmund Freud afirmou, em "A Interpretação dos Sonhos" (1900), que “a interpretação dos sonhos é a via régia para o conhecimento do inconsciente”. Segundo ele, os sonhos funcionam como um caminho privilegiado para acessar conteúdos que, enquanto estamos acordados, permanecem reprimidos pela mente consciente. Em estado de vigília, pensamentos e desejos – especialmente aqueles considerados inaceitáveis ou desconfortáveis – são controlados e censurados. Durante o sono, entretanto, esses conteúdos reprimidos emergem de forma simbólica e espontânea por meio dos sonhos, permitindo que se revelem desejos, medos e conflitos ocultos (FREUD, Sigmund. A interpretação dos sonhos, 2019 ).

Essa ideia é reforçada por outros teóricos da psicanálise. Por exemplo, Foster (2010) enfatiza que, além dos sonhos, o método da associação livre – que incentiva a expressão sem censura – é um instrumento importante para acessar o inconsciente. Contudo, os sonhos possuem um papel singular, pois surgem espontaneamente durante o sono e trazem à tona conteúdos emocionais e psíquicos que dificilmente se manifestariam durante a vigília.

Por outro lado, Carl Gustav Jung propôs uma visão mais abrangente. Para Jung, os sonhos são relevantes, mas representam apenas uma das muitas manifestações dos complexos psicológicos. Ele defendia que os complexos – estruturas formadas por padrões emocionais e simbólicos – constituem a verdadeira “via régia” para o inconsciente, já que oferecem uma compreensão mais completa do funcionamento psíquico (JUNG, C. G. O Livro Vermelho, 2012 ).

Além disso, Mância (2004) ressalta a importância da interpretação dos sonhos no contexto terapêutico, destacando como essa prática integra a “talking cure” – ou seja, a cura por meio da fala – ao possibilitar que conteúdos reprimidos venham à tona e sejam trabalhados durante as sessões. Assim, tanto a técnica da associação livre quanto a análise dos sonhos se configuram como ferramentas essenciais para desvendar os mistérios do inconsciente e promover o autoconhecimento.

Em resumo, a interpretação dos sonhos, ao funcionar como um portal para o inconsciente, revela-se uma ferramenta valiosa na prática psicanalítica, permitindo compreender melhor os conflitos internos e a estrutura psíquica do indivíduo. Essa abordagem enriquece o entendimento das dinâmicas emocionais e contribui para a evolução terapêutica, mesmo diante das diferentes perspectivas teóricas que existem sobre o tema.

Referências

FOSTER, M. Associação livre de ideias: via régia para o inconsciente – a especificidade do método. Revista Brasileira de Psicanálise, São Paulo, v. 25, n. 1, p. 45-60, jan./jun. 2010.

FREUD, Sigmund. A interpretação dos sonhos. Tradução de Renato Zwick. 25. ed. Rio de Janeiro: Imago, 2019. Capítulo 7.

JUNG, C. G. O Livro Vermelho. [Facebook]. Publicado em: 12 nov. 2012. Disponível em: https://www.facebook.com/pagename/posts/123456789012345. Acesso em: 3 mar. 2023.

MÁNCIA, M. Dream. In: SIROIS, F. (Org.). The role and importance of interpretation in the talking cure. Londres: Karnac Books, 2004. p. 112-130

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