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Chupetas em adultos: o que a psicanálise revela sobre essa nova tendência

  • Foto do escritor: Ana Elisa Gonçalves Bortolin
    Ana Elisa Gonçalves Bortolin
  • 12 de ago.
  • 2 min de leitura

O que significa o uso de chupeta por adultos?



Nos últimos meses, redes sociais e portais de notícias mostraram um fenômeno curioso: jovens e adultos usando chupetas como forma de aliviar estresse e ansiedade. Pode parecer apenas moda ou provocação estética, mas para a psicanálise esse comportamento tem raízes profundas na história emocional de cada indivíduo.





Chupeta como símbolo de segurança



A chupeta, desde o início da vida, é associada a conforto, calma e conexão com o cuidador. Esse vínculo inicial é carregado para o inconsciente e pode ser reativado em momentos de insegurança.


Na vida adulta, o uso da chupeta pode funcionar como:


  • Objeto de autorregulação emocional.

  • Símbolo de regressão a fases de menor exigência emocional.

  • Elemento de expressão identitária ou estética.






A visão da psicanálise




Freud e a fase oral



Freud descreveu a fase oral como o primeiro estágio do desenvolvimento, onde o prazer e a segurança vêm principalmente pelo ato de sugar. Essa fase estrutura a relação inicial entre satisfação, vínculo e sobrevivência.



Melanie Klein e o “objeto bom”



Para Melanie Klein, o bebê internaliza experiências de cuidado e frustração em forma de “objeto bom” e “objeto mau”. A chupeta, nesse contexto, pode representar o objeto bom que traz alívio e restaura o equilíbrio interno.



Winnicott e o objeto transicional



Winnicott apresenta o conceito de objeto transicional: algo que não é o corpo do cuidador, mas que simboliza sua presença. A chupeta, nesse sentido, torna-se ponte entre o desejo de ser cuidado e a capacidade de se acalmar sozinho.





Regressão: defesa ou cuidado?



A regressão pode ser entendida de forma não patológica. Voltar a recursos da infância, em determinados contextos, pode ajudar a lidar com sobrecargas emocionais. O ponto de atenção surge quando esse recurso se torna o único meio de enfrentamento, limitando a construção de estratégias mais complexas.





Impacto cultural e social



Vivemos em um contexto de alta pressão, estímulos constantes e insegurança social. Objetos como a chupeta podem ganhar novos significados e funções:


  • Símbolo de resistência ao ritmo acelerado.

  • Manifesto estético ou performático.

  • Ferramenta de alívio em meio à ansiedade contemporânea.






Olhar clínico



Na clínica, a questão não é julgar o uso, mas investigar o seu sentido para cada pessoa:


  • É um gesto passageiro ou repetitivo?

  • Serve apenas como adereço ou como recurso de enfrentamento?

  • Está ligado a momentos específicos de ansiedade?



A resposta está menos no objeto e mais na história emocional que ele desperta.





Conclusão



O uso de chupetas por adultos vai além de moda ou excentricidade. Pela psicanálise, esse fenômeno é um diálogo entre passado e presente, entre memória afetiva e necessidade atual de segurança. Observar esse comportamento é observar a forma como cada um negocia com suas ansiedades, limites e desejos.


Referências bibliográficas

FREUD, S. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

KLEIN, M. Amor, culpa e reparação. Rio de Janeiro: Imago, 1991.

WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

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