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Quanto custa sua saúde mental?

  • Foto do escritor: Ana Elisa Gonçalves Bortolin
    Ana Elisa Gonçalves Bortolin
  • 15 de jul.
  • 3 min de leitura

💬 Quanto Custa a Sua Saúde Mental?


O valor da terapia além do preço


Vivemos em uma sociedade que aprendeu a medir quase tudo em cifras. Calcula-se o valor de um bem, o custo de um serviço, o tempo em dinheiro. Mas há algo que escapa a essa lógica de mercado: a saúde psíquica.

E, infelizmente, ela ainda é profundamente banalizada.


“Com esse valor eu ia pro shopping.”

“Se quiser conversar, fala comigo.”

“Pra que terapia? Isso é frescura.”


Essas frases, comuns e até “engraçadinhas” aos olhos de quem as diz, revelam algo muito sério: uma ignorância emocional estruturada socialmente, muitas vezes sustentada pelo medo de olhar para si. Afinal, a terapia é um convite à escuta, ao silêncio, à verdade — e isso assusta.


A desvalorização de quem cuida


Os profissionais da saúde mental enfrentam diariamente não só a dor do outro, mas também o descaso social com o próprio trabalho. Muitos são vistos como “caros”, “substituíveis” por conselhos de amigos ou pela bula de um remédio.


Mas a verdade é que o terapeuta não oferece conselhos — ele oferece escuta.

Escuta qualificada, ética, embasada em teoria, técnica e presença.

Escuta que não julga, que não reduz, que não banaliza.


E isso tem valor.

Valor que não se mede em reais — mas em transformação.


Ameaça para quem não quer mudar


Há ainda um outro ponto que precisa ser dito com clareza:

muitas pessoas se sentem ameaçadas quando você começa a melhorar.


Sim, porque ao entrar em contato com sua história, você começa a enxergar o que antes aceitava sem questionar.

Você começa a colocar limites.

Você começa a não aceitar mais o que te fazia mal.


E isso pode incomodar profundamente quem, até então, se beneficiava da sua submissão, da sua culpa, da sua necessidade de agradar.

Esse incômodo muitas vezes se disfarça de “preocupação”, de piada, de crítica ao valor da terapia. Mas, na verdade, é medo. Medo de te perder para você mesma.


Terapia é para todos


É importante dizer: terapia não é para quem está em crise apenas.

É para quem deseja se conhecer, entender suas repetições, aliviar sua angústia, descobrir por que certos pesos insistem em voltar.


É para quem está cansado de viver no automático.

É para quem quer, com coragem, sair da posição de vítima do destino e passar a ser agente da própria história.


E sim, terapia tem um custo. Mas caro mesmo é viver sem saber por que se sofre.

Caro é adoecer por dentro e continuar funcionando por fora.

Caro é repetir histórias de dor achando que é “só a vida sendo difícil”.


Como disse Freud:


“Onde o id estava, o ego deve advir.”

(FREUD, 1930/2010)


Ou seja, é preciso trazer à consciência aquilo que nos move de forma inconsciente.

Esse é o trabalho da análise. E ele vale cada centavo.


Conclusão


Terapia é espaço de liberdade, escuta e transformação.

É onde você aprende, talvez pela primeira vez, a dizer:

“Isso sou eu. E isso eu não aceito mais.”


Portanto, não. Terapia não é cara.

Caro é seguir vivendo sem saber quem você é.



📚 Referências Bibliográficas

• FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização. In: Obras completas, volume 18. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

• WINNICOTT, Donald W. O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artmed, 1983.

• BION, Wilfred. Aprender com a experiência. Rio de Janeiro: Imago, 1991.

• ROUDINESCO, Elisabeth. Por que a psicanálise? Rio de Janeiro: Zahar, 1999.

• LAPLANCHE, Jean; PONTALIS, Jean-Bertrand. Vocabulário da psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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