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Sem Tristeza, a Felicidade Perde o Sentido: Um Olhar Junguiano Sobre as Emoções

  • Foto do escritor: Ana Elisa Gonçalves Bortolin
    Ana Elisa Gonçalves Bortolin
  • 30 de jun.
  • 2 min de leitura


Vivemos em uma sociedade que vende a ideia de que ser feliz é um dever. Que precisamos estar bem o tempo todo, sorrindo, produtivos, leves e agradecidos — mesmo quando a alma pede silêncio, recolhimento ou lágrimas. Mas será que a felicidade, vivida como um estado constante e sem contraste, realmente teria valor?


Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço e criador da psicologia analítica, nos convida a olhar a vida sob outro ângulo: o dos opostos complementares. Em sua visão, não existe luz sem sombra, e isso vale também para as emoções humanas. Segundo ele:


“A felicidade perderia seu significado se ela não fosse equilibrada pela tristeza.”

(JUNG, apud coletâneas de citações sobre psicologia analítica)



O que isso quer dizer?



Significa que a experiência da felicidade só é plena porque conhecemos o seu oposto. Quem nunca enfrentou perdas, dores ou momentos sombrios, dificilmente reconhece a profundidade de uma conquista, a beleza de um abraço ou a leveza de um recomeço.


Na teoria junguiana, esse princípio faz parte do que ele chama de processo de individuação — o caminho de integração da psique, no qual o sujeito se torna inteiro ao acolher todas as suas partes: luz e sombra, força e fragilidade, alegria e dor.



Por que evitar a tristeza nos adoece?



Quando tentamos eliminar a tristeza a qualquer custo, acabamos entrando num estado de negação da realidade psíquica. Isso pode resultar em sintomas ansiosos, depressivos ou em um vazio existencial. Como se a alma dissesse: “Eu não quero fingir, eu quero ser ouvida”.


A felicidade sem consciência da dor corre o risco de se tornar superficial — uma euforia que mascara um buraco interno.



A tristeza como mestra



A tristeza nos ensina sobre os ciclos da vida, sobre impermanência, sobre o valor das pequenas alegrias. Ela não é o fim — é um caminho. Quando acolhida, pode se tornar um espaço fértil para o crescimento, para a transformação e para a empatia com os outros.


Não se trata de glorificar o sofrimento, mas de entender que ele faz parte da travessia humana. Assim como o inverno prepara o solo para a primavera, a dor também prepara a alma para reconhecer e acolher o amor, a gratidão e a plenitude.





🌱 Conclusão



A sabedoria de Jung nos lembra: ser feliz o tempo todo não é possível — e nem desejável. O verdadeiro equilíbrio emocional não está em evitar as emoções difíceis, mas em integrá-las à nossa história com coragem e verdade.


Afinal, é a tristeza que nos dá profundidade, e é ela que nos permite dizer, com consciência, que estamos felizes de verdade.





📚 Referência bibliográfica



JUNG, Carl Gustav. O homem e seus símbolos. 16. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.

Nota: a frase é amplamente atribuída ao autor e condiz com seus princípios teóricos, embora não apareça literalmente nesta forma em suas obras canônicas.

 
 
 

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